Teste Molecular para Deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD)

O que é a Deficiência de G6PD


A Deficiência de G6PD é uma doença metabólica ligada ao cromossomo X, relacionada à atividade reduzida da enzima G6PD no interior das hemácias. Esta enzima faz parte de uma via metabólica responsável por proteger a hemácia de eventos oxidativos, que levam à hemólise. Normalmente a enzima apresenta uma meia-vida de 60 dias, o que garante níveis satisfatórios de atividade enzimática até o fim da vida útil das hemácias que é de 90 a 120 dias.

Na Deficiência de G6PD, a enzima formada devido a variações genéticas, apresenta uma meia vida menor, fazendo com que as hemácias estejam mais expostas a efeitos oxidativos, levando ao quadro clássico da condição, a hemólise provocada por exposição a determinadas substâncias ou infecções. A gravidade do quadro é definida pela variação da meia-vida da enzima, onde quanto menor a meia-vida, mais jovens serão as hemácias expostas a oxidação e por tanto, mais grave o quadro do paciente.

Trata-se de uma condição com razoável frequência na população e pode ter suas consequências mais graves evitadas com a não ingestão de substâncias que provoquem a hemólise, a lista de medicamentos e alimentos que devem ser evitados está disponível em várias fontes e em nosso site.

O diagnóstico da condição pode ser feito através da medida da atividade enzimática em hemácias, podendo inclusive ser realizada a partir de amostras de sangue em papel filtro, como na triagem neonatal (teste do pezinho).

Em algumas situações esta forma de análise da atividade da G6PD pode levar a dúvidas, por problemas de demora na logística nas coletas feitas em locais mais distantes do laboratório ou amostras expostas ao calor durante o transporte. O tempo e a temperatura elevada dentre outros fatores podem interferir na atividade enzimática na amostra.

A dosagem da enzima no sangue em uma pessoa portadora de doença poderá apresentar-se normal durante uma crise hemolítica aguda desencadeada por drogas oxidantes ou estresse, uma vez que a hemólise estimula o aumento da produção de hemácias e as hemácias novas possuem atividade enzimática maior do que as mais velhas, podendo gerar um resultado falso-negativo para a Deficiência de G6PD. Normalmente o quadro clínico ligado à hemólise aparece de 1 a 3 dias após o contato com os fatores desencadeantes, com icterícia, hemoglobinúria, palidez, entre outros sintomas, com intensidade e gravidade variáveis, em relação direta com a variação enzimática apresentada.

A deficiência de G6PD é decorrente de mutações que diminuem a atividade catalítica, a estabilidade da enzima, ou as duas coisas. A gravidade da deficiência depende da mutação específica que ocorreu no gene G6PD.

Para que haja esclarecimento, em casos de dúvida, pode ser necessária a confirmação da deficiência pela análise genética.

O risco de herança genético para cada mutação ocorre da seguinte maneira: cada filho (do sexo masculino) de uma mãe portadora de uma mutação no gene G6PD possui uma chance de 50% de ser afetado, e cada filha (sexo feminino) possui uma chance de 50% de ser portadora. As filhas de um pai afetado serão portadoras, mas os filhos não serão afetados, pois um pai afetado não contribui com um cromossomo X para seus filhos.

O teste genético é indicado para confirmar a suspeita de deficiência de G6PD levantada pela Triagem Neonatal, assim como, para avaliar a possibilidade de mulheres heterozigotas transmitirem a mutação para filhos do sexo masculino e identificar casos de mutação já identificada na família.

O teste genético para G6PD já está disponível no laboratório DLE com a opção da investigação de mutações mais frequentes ou sequenciamento completo do gene G6PD.

Teste molecular disponivel para conformação diagnóstica


Mutações mais frequentes investigadas pelo DLE

Mutação G202A => variante A- ou G6PD*A


A variante G6PD A- é resultado da mutação (G → A) na posição 202 do gene G6PD é a mais frequente entre os indivíduos que apresentam deficiência de G6PD. Assim, a ausência da mutação estudada não exclui a presença de outras mutações na mesma região. Em pacientes com a variante A-, a meia-vida da enzima é reduzida de 60 para cerca de 13 dias, levando a níveis de atividade insuficientes para proteção das hemácias em 50 a 60 dias depois da liberação destas para a circulação periférica. Esta variante é responsável pelas formas mais brandas da G6PD, uma vez que apenas hemácias com mais de 50 a 60 dias são hemolisadas durante crises oxidativas, poupando as mais novas.

Mutação A376G => variante A+ ou G6PD*A+


A variante G6PD A+ é resultado da mutação (A → G) na posição 376 do gene G6PD. Pacientes que apresentam apenas esta mutação tem a enzima G6PD com atividade funcional normal, sendo esta considerada apenas uma variação da normalidade. Porém, a presença desta mutação, associada à mutação G202A resulta na forma clínica G6PD*A-.

Mutação C563T => variante B- ou G6PD*Mediterrâneo


A variante B- ou alelo G6PD*Mediterrâneo é decorrente da mutação (C → T) na posição 573 do gene G6PD. Este alelo é um dos tipos polimórficos mais graves da deficiência, sendo encontrado em uma ampla área geográfica, abrangendo muitos grupos étnicos. Em pacientes com a variante mediterrânea, a atividade da G6PD é reduzida desde a formação das hemácias, levando a níveis insuficientes para a proteção contra oxidação em 5 a 10 dias. Desta forma, durante as crises hemolíticas, tanto as hemácias mais novas quanto as mais velhas são afetadas, levando a um quadro mais grave.

Material
05 mL de sangue total com EDTA ou raspado bucal com swab oferecido pelo DLE.

Prazo de entrega
7 dias úteis.

A ausência das mutações investigadas não exclui a presença de outras mutações na mesma região. Nestes casos recomenda-se a análise do gene por sequenciamento completo, também oferecido pelo DLE.


Veja também “Teste Molecular para Deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD) – Sangue papel filtro”