- Concentrado de hemácias
A transfusão de concentrado de hemácias proporciona hemoglobinas do doador que interferem significativamente na triagem das hemoglobinopatias, incluindo a doença falciforme; este tipo de transfusão também interfere na triagem e na confirmação diagnóstica baseada em ensaios de enzimas eritrocitárias como a triagem de deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e a confirmação de galactosemia por avaliação da enzima eritrocitária galactose-1-fosfato uridiltransferase (GALT).
- Plasma
A transfusão de plasma pode alterar os resultados da triagem de hipotireoidismo congênito e de deficiência de biotinidase.
- Sangue total
A transfusão de sangue total funciona como um somatório das transfusões de concentrado de hemácias e de plasma, interferindo na triagem de hemoglobinopatias, deficiência de G6PD, hipotireoidismo congênito e biotinidase.
Cuidados antes da transfusão
Como os testes de triagem para hemoglobinopatias são válidos desde o nascimento, e não dependem da ingestão de proteínas através do aleitamento materno, misto ou artificial, uma amostra deve ser sempre obtida antes da transfusão para a triagem das hemoglobinopatias.
Desta forma, se um recém-nascido necessitar de transfusão sangüínea antes de 48h de vida, especialmente antes do início do aleitamento, deve-se coletar uma 1ª amostra antes da transfusão para triagem de hemoglobinopatias e hipotireoidismo congênito, e também uma 2ª amostra após um período de aleitamento suficiente (>48h – 7 dias) para que eventualmente se acumulem metabólitos associados a erros inatos do metabolismo, como a PKU (fenilalanina), a doença da urina em xarope de bordo, MSUD (aminoácidos de cadeia ramificada), e a galactosemia (galactose e galactose-1-fosfato).
A transfusão sangüínea usual, com concentrado de hemácias, com exceção da exsangüíneo-transfusão, raramente é suficiente para diluir os analitos alvos dos ensaios de triagem de PKU (fenilalanina) e galactosemia (galactose e galactose-1-fosfato) dos recém-nascidos afetados. Portanto uma amostra para a triagem destas doenças pode ser coletada independente da transfusão no período de >48h – 7 dias, desde que se tenha o cuidado de informar ao laboratório DLE a ocorrência da transfusão, para que seja possível interpretar adequadamente os resultados e solicitar uma amostra de reconvocação no período adequado. No entanto, como uma medida de precaução, pode-se coletar uma 2ª amostra para triagem das doenças mencionadas 7 dias após a transfusão.
Triagem para hemoglobinopatias e deficiência de G6PD
Para a triagem de hemoglobinopatias e de deficiência de G6PD pode também ser coletada uma outra amostra 90 dias após a transfusão. No entanto, deve-se dar preferência a métodos diagnósticos em sangue total (isoeletrofocalização ou cromatografia líquida de alta resolução – HPLC – de gradiente estendido para hemoglobinas) depois de decorrido esse tempo.
O exame confirmatório de galactosemia (ensaio de GALT em eritrócitos) também deve ser realizado somente 90 – 120 dias após a última transfusão.